Terapêutica com Testosterona


Terapêutica com Testosterona

Dra. Ivone Mirpuri - Médica Patologista Clínica especialista em Modulação Hormonal

Para que é utilizada a testosterona?

A testosterona é uma hormona maravilhosa que previne todas as causas de risco de mortalidade num homem, e deve, pois, ser suplementada sempre que necessária.

A nível cardiovascular, a testosterona aumenta a força de ejeção cardíaca, provoca vasodilatação coronária, baixando a tensão arterial, diminui o colesterol e diminui a resistência periférica à insulina o que se traduz por redução na medicação necessária para o controlo de uma diabetes tipo 2, por exemplo.

A nível ósseo aumenta a densidade óssea. A percentagem de homens com osteoporose aos 70 anos é de mais de 30%, apesar de tal ser pouco mencionado. Os homens sofrem igualmente com problemas de osteoporose. Há que prevenir. 

A nível da composição do corpo humano, aumenta a massa muscular e diminui a massa adiposa, ajudando no controle do peso e aumento da resistência desportiva. A testosterona diminui ainda o risco de aparecimento de todas as doenças degenerativas e de Doença de Alzheimer. Tem ainda muitas outras vantagens a nível cognitivo, como na diminuição da perda de memória, diminuição da irritabilidade, aumento da assertividade e do equilíbrio emocional.

Isto para não ser mais exaustiva. E tantos são os benefícios da testosterona, que me ia esquecendo de falar dos benefícios a nível sexual, os mais conhecidos de toda a gente! 

Não há perigos no tratamento de testosterona?

A testosterona é uma hormona muito segura. Relativamente ao cancro, não há cancro da próstata antes dos 40 anos, quando os níveis de testosterona são mais altos. Este é o melhor estudo que temos: a observação empírica da natureza. No entanto, quando usada sem aconselhamento por médico experiente e conhecedor, podem ocorrer efeitos nefastos.

Há muitos tipos de testosterona, com vias de administração diferentes e que são utilizadas consoante a necessidade e indicação para cada utente. As doses também dependem de muitas condicionantes. Há que conhecer toda a fisiologia e fisiopatologia para bem medicar o doente. Um erro frequente que observo é o início indiscriminado da terapêutica sobretudo nos “ginásios” onde quem medica e aconselha são os frequentadores que também o fazem.

Isto não deve ser efetuado e deve ser denunciado, dadas as complicações que podem advir graves. E são bastantes as que ocorrem oriundas de maus aconselhamentos e erradas prescrições. Enumero algumas: atrofia dos testículos, ginecomastias (aumento das mamas), dor e sensibilidade mamária, problemas de aumento da próstata com queixas urinárias e aumento do risco cardiovascular por aumento do estradiol como consequência de doses sem controlo de “testosterona”, estão entre os mais frequentes episódios encontrados nestas situações, assim com a queda do cabelo e o acne.

A testosterona é uma hormona fantástica e maravilhosa, contudo, há que saber utilizá-la. Não acarreta risco ou complicações se for usada em doses e forma de administração adequadas, em utente que dela necessite. 

Quais são as contra- indicações ao uso da testosterona?

Há duas contraindicações absolutas: a não necessidade e a presença de

um tumor da próstata em atividade (dependendo do estadio). Também não deve ser utilizada em estádios recentes pós enfarto do miocárdio (um mês)

Acrescento ainda a prostatite em atividade e a apneia do sono, que são contraindicações relativas que temos que ter em consideração.

Como se “faz” a testosterona?

Pode ser de forma transdérmica, através de gel, por via oral através de comprimidos ou por via intramuscular através de injeções. A forma de administração depende da situação clínica do utente, da idade e da vontade do mesmo utilizar uma ou outra forma. Há vantagens e inconvenientes para cada forma de aplicação. Temos de verificar qual a mais adequada para cada utente explicando-lhe isto mesmo.

Há alguma idade mais apropriada para a administração de testosterona?

Pode-se fazer desde que haja indicação, em qualquer idade. Nos jovens, há que ter muito cuidado pois a conversão da testosterona em estradiol, pode levar ao encerramento das cartilagens de conjugação e o utente ficar de baixa estatura.

Pessoalmente não concordo com a utilização antes dos 20 anos de idade. E nestas faixas etárias temos sempre de ponderar a alternativa a substâncias que estimulem a produção da testosterona destes homens jovens, em vez de a dar exogenamente. Há que ter cuidado com a inibição do eixo endócrino, que depende das doses efetuadas. Esta inibição é geralmente reversível em dois ou três meses, mas numa rara percentagem de casos pode ser permanente.

Medicar bem, requer um conhecimento profundo do assunto. Não se automedique, nem seja aconselhado por médico ou “terapeuta” inexperiente. Os médicos estão a destituir-se das suas funções e não é, infelizmente, raro ver utentes medicados por não médicos. Isto pode constituir um risco e perigo escusados, pois a testosterona é de facto uma hormona maravilhosa que a todos pode beneficiar a partir de uma certa idade, seguramente. 

 

Autor: Dra. Ivone Mirpuri - Médica Patologista Clínica especialista em Modulação Hormonal

 

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Nota: Este artigo não serve como aconselhamento. O seu fim é estritamente informativo e não dispensa, em caso algum, a análise específica do seu caso em concreto.

terça, 19 de abril de 22