COVID - O que não ouvimos dizer


O conhecimento de facto é ainda muito pouco objectivo, dadas as hipóteses que se expressam nos métodos científicos serem sujeitas a imensas variáveis. A única constante do ser humano é exactamente a sua variabilidade. 

De tudo o que se falou sobre a COVID-19, há no entanto uma coisa sobre a qual nunca ouvi falar, que foi de Medicina Preventiva e de como um estilo de vida saudável é importante para vivermos com energia e vitalidade, mais saúde e menos doença. 

A alimentação, o exercício físico, a suplementação alimentar eventual e o equilíbrio hormonal são importantes na defesa do nosso organismo. 

É hoje reconhecida a existência da imunosenescência. 

Mas hoje estamos aqui para falar um pouco sobre a COVID-19, da sua infecciosidade, de como prevenir eventualmente um mau desfecho, pois é isto que de facto importa e não obrigar toda a gente a andar de máscara, aumentando os níveis de CO2 com todos os perigos e respirando partículas de plástico e outras microfibras, com utilização inadequada de desinfectantes a toda a hora sem perceber o nível de tumores e doenças que crescerão em exponencial nos próximos anos. Além de que a máscara, dependendo da qualidade e boa colocação, pode não proteger de nada. As análises da IGM e IgG são de elevada importância, dado que hoje sabemos que a RT-PCR negativa geralmente antes de 6 semanas. Há no entanto casos descritos de permanência de positividade até cerca de 3 meses. 

Um Indivíduo já com IgG e assintomático, não teria qualquer problema revelando infecção passada. Evitaríamos a quarentena e isolamento social e toda uma cascata de procedimentos desnecessários e economicamente dispensáveis, o que parece muitíssimo importante. 

Só um à parte para que tenham conhecimento, nas fezes atingimos mais tardiamente o pico de carga viral do que no nasofaríngeo ou secreções brônquicas. 

Mesmo quando o nasofaríngeo já é negativo, as fezes ainda podem conter partículas virais, mas não está bem determinada a transmissão fecal-oral. 

Na verdade alguns estudos revelam que embora a RT-PCR possa ser positiva em amostra fecal, as culturas virais são negativas mais precocemente. 

Há pois que perceber muito bem a presença de falsos positivos e evitar o desencadear de uma série de procedimentos com uma cascata de custos económicos e pessoais incomensuráveis. 

Clínicamente é importante perceber que a primeira causa de falsos positivos é exactamente a má interpretação de que positivo = doença= infecciosidade e portanto mais contágio e evolução da doença. Isto é falso. 

Ao detectarmos a presença de material do SARS-CoV-2 não estamos a detectar o vírus em si. Os estudos entre a relação da carga viral e as culturas virais não são equiparados. 

O que sabemos é que após o 10.odia do início dos sintomas se o “CT value” for > 34, o doente não apresenta infecciosidade. (O “CT value”, digamos que é a medida de ciclos necessária para passar para o limiar da positividade da reacção, o que quer dizer que se mais vírus presentes, menos ciclos necessários e vice versa). 

Sabemos que a infecciosidade é maior até ao 8.o-10.odia do início da doença, podendo acontecer como já vimos 3-5 dias antes e ir até aos 14 dias, embora hajam casos de permanência do vírus, ou antes de partículas virais e de PCR detectadas até quase 90 dias. Mas a pessoa já não está infecciosa. 

Logo, adoptar a estratégia de identificar precocemente a sintomatologia é uma boa medida, pois a carga viral não se correlaciona com a gravidade da doença, havendo altas cargas virais com pessoas assintomáticas, pré-sintomáticas ou sintomáticas, como já vimos. 

Mas a mim isto faz-me pensar que apesar de tudo nada é linear e um assintomático, pode não ser verdadeiramente assintomático, pois nem valoriza aquele cansaço ligeiro que sente, e por isso a importância de todos termos consciência de um bom sistema imunitário para que tudo funcione bem e se tivermos o azar (ou a sorte) de contactarmos o SARS COV2, que a doença seja assintomática ou leve. 

A bibliografia diz que cerca de 40-60% da população permanece assintomática depois de contrair o vírus. Independentemente da carga viral os sintomáticos apresentam um risco duplo de contagiar que os assintomáticos. 

É importante saber bem quais os sinais e sintomas que mesmo atípicos, nos podem indicar que estamos infectados para nos protegermos e aos nossos contactos, sendo que o contágio vai depender como em todas as infecções da quantidade do inóculo no “outro” e das defesas deste “outro” que potencialmente vai ser infectado. E como isto está tudo ligado, voltamos então à pergunta: que fazer para reforçar o sistema imunitário? 

Relembro que QUEM CONTAGIA são as crianças que apresentam mais carga viral, mas não desenvolvem doença pois têm menos receptores ACE2, por onde o vírus entra na célula, os pré-sintomáticos, que pensam estar assintomáticos e mais tarde desenvolvem sintomas, e os sintomáticos ligeiros, que andam por aí a pensar que não têm nada. 

Se tivermos um teste PCR positivo (vamos acreditar que é de facto positivo) vamos então fazer Ac anti IgG e IgM para descartar já, que não apresenta senão partículas virais e já não está infecioso (IgG positivas), ou se sem IgG positivas e com IgM positiva, ter cuidado e ficar então de quarentena durante 10 dias, para não contaminar eventualmente ninguém. Atenção à qualidade do teste utilizado. Testes com sensibilidades e especificidades inferiores a 98% não deveriam ser utilizados. 

Há pessoas com sistema imunológico mais enfraquecido e que devem ter mais cuidado e nós com elas. São os idosos, homens (60%), diabéticos (mais stress oxidativo como na obesidade), hipertensos, pois nestas populações há mais receptores de ACE2, o tal receptor onde se liga a proteína “spike” do vírus (a que dá o aspecto de coroa, espiculada) para entrar e começar a sua replicação celular, disseminando a doença. 

Também devem ter mais cuidado na presença de doença crónica com tratamento imunossupressor como nos transplantes, doenças auto-imunitárias ou pessoas com cancro e a efectuar quimioterapia.

 

Que indicam os números? 

Primeiro há que perceber que quanto mais testes foram feitos mais positivos teremos. Sem esqueceros falsos positivos, que parece que ninguém pensa que existem, dado que teoricamente o teste RT-PCR tem uma especificidade de 100%. Na mundo real, existe o erro humano, nunca desprezível: contaminações de amostras com outras amostras positivas, controlos positivos, reagentes contaminados e toda uma outra série de coisas que podem acontecer em laboratório. 

Temos pois de saber como interpretar um positivo e não ficar alarmados que PCR positivo = Doença= Quarentena= fecha Clínica, fecha escola, fecha companhia e destrói a economia, a sociedade e o ambiente com tanto zelo e protecção física e química. E isto terá consequências graves num futuro próximo. Aliás, já todos as estamos a sentir. 

O conhecimento do mundo material deve ser baseado na evidência científica, no conhecimento que permita a correcta interpretação da ciência que queremos ter e em que queremos acreditar, não em regras impostas pela autoridade. 

Quero com isto dizer que sim temos de ter regras, mas não, não podemos generalizar e dizer que “só se permitem ajuntamentos de 10 pessoas se não da mesma família”, por exemplo. Se todos forem assintomáticos, e exaustivamente pesquisarmos sinais e sintomas, os frequentes e os atípicos, e os tivermos testado para IgM, por um simples teste rápido de picada no dedo, que tenha 100% de sensibilidade, que existe no mercado, se este teste for negativo, mesmo na baixa prevalência da doença, podemos excluir a doença. A sensibilidade de um teste indica que se for muito sensível o teste, que se der negativo é verdadeiramente negativo. Sabemos que as IgM podem demorar alguns dias e até mais de uma semana a desenvolverem-se. Mas sabemos que somos contagiosos 3-5 dias antes, até 14 dias depois dos sintomas. Se não tivermos mudado muito os nossos hábitos sociais, menor é ainda a chance de vir a desenvolver a doença, pois as condições seriam as mesmas dos últimos 15 dias tempo suficiente para desenvolver os Ac Anti IgM. Assim, assintomático e com IgM negativo, uma pessoa responsável com contactos estáveis, pode ser considerada apta a participar num evento/congresso, por exemplo. 

Feitas as contas ficamos com um período de janela de uma semana em que poderia o doente vir a desenvolver sintomas e ainda não lhe detecto a IgM, e pode potencialmente estar a contagiar alguém. Se eu fizer PCR a esta pessoa, não vou lucrar mais do que um ou dois dias, e sabemos também que a contagiosidade é maior na presença dos sintomas, pelo que não justifica todo o custo económico de efectuar PCR a um grupo de uma reunião, assintomáticos, por exemplo, que seria efectuada com segurança e não cancelada com os prejuízos todos que podem daí advir como já vimos. Mas tudo isto custa dinheiro e dá trabalho mas estatisticamente menos hipoteses de disseminação, se tivermos os cuidados apropriados. 

 

Quais são os cuidados que devemos ter?
Penso que todos estão elucidados hoje em dia para a necessidade de uma boa higiene, para evitar a contaminação pelo SARS-CoV-2 que penetra pelos receptores ACE2, presentes em maior quantidade no epitélio nasal, boca, pulmões, coração, vasos sanguíneos, rins, fígado e trato gastrointestinal. 

O uso da máscara deve ser criterioso. Respirar CO2 em quantidades comprovadamente nefastas, respirar microfibras e plástico 18 horas ao dia, não é benéfico para ninguém. 

“Desinfectar” as mãos 10 vezes ao dia, porque fomos a um Centro Comercial e nos “obrigam” a colocar um “gel desinfectante”, é mais um disruptor endócrino, a acrescentar aos milhares a que diariamente estamos sujeitos e nos diminuem a saúde. 

Assim, a racionalidade entre a real necessidade e o uso abusivo de algo, deve estar sempre no nosso espírito. 

No dia a dia, para a população em geral, preconizo estes hábitos comuns e que devem estar subjacentes à nossa conduta diária. Agora é a COVID-19, depois há-de ser o 2020 ou outro pior, há que enfrentar e não tentar fugir, pois vamos “dar de caras” com ele mais cedo ou mais tarde. 

SIM a lavar as mãos sempre que chegamos a casa, ou se justifique, como sempre o deveríamos ter feito e estar habituados. Não a desinfectar a toda a hora, dados os perigos anexos a este acto. 

SIM à distância social. Perdigotamos a 60 cm, é bom que não levemos com perdigotos de ninguém, e não pelo Covid mas por todas as outras doenças que podem ser transmitidas desta forma. 

NÃO aos ajuntamentos indiscriminados, com pessoas desconhecidas que não
são dos nossos contactos diários. Podem não ser família e serem amigos com que privemos habitualmente e estes devem ser considerados família obviamente. Posso estar com 10 desconhecidos todos infectados, mas como são 10 pessoas, estou mais protegida? Se eu privo com alguns amigos devem ser considerados como pertencentes ao meu agregado familiar. 

É isto que devemos entender do plano de contingência. 

SIM ao uso de máscara sempre que em contacto próximo com desconhecidos, mesmo em número menor que 10. Chamos a atenção para que dependendo da qualidade, a máscara pode pouco ou nada proteger. Sejam 1 ou 10 pessoas, manter a distância social de desconhecidos ou máscara é importante sim. Usar sempre máscara quando saem de casa e vão cruzar com desconhecidos. Imaginem se algum deles resolve espirrar ou tossir? Cuidado a ter não só pela COVID mas com todas as outras infecções. 

Quanto maior for a especificidade de um teste maior é a certeza de que se trata de um verdadeiro positivo. Mas tal como vos disse a especificidade depende da prevalência. 

Não se deveriam admitir testes com especificidades abaixo de 98% e no mercado há de tudo. 

Como sou patologista clínica e trabalho em prevenção e medicina preventiva para um envelhecimento saudável vou resumir o que podemos fazer para que o nosso corpo se encontre bem protegido a agressores externos, não só da COVID-19 mas todas as constipações e gripes que são mais propícias de acontecer nesta altura do ano. 

Como reforçar o sistema imunitário?
A resposta é: mantendo um estilo de vida saudável. Os pilares de um estilo de vida saudável são: a nutrição, o exercício físico, a suplementação alimentar sempre que necessária e adequada a cada pessoa, o equilíbrio hormonal e a mudança de hábitos de vida, associada a um bom sono e a uma certa espiritualidade, com pensamentos bons. 

Não falarei detalhadamente de cada um deles pois já o fiz no meu livro “A mulher e as hormonas” que podem adquirir no site que convido a visitar em www.draivonemirpuri. pt As vendas revertem na totalidade para uma Associação de protecção a animais abandonados, a Associação Bianca. 

A minha escolha, que utilizo há mais de 12 anos e sei que eficaz na grande maioria da prevenção das constipações e gripes, e esperemos que também para a COVID-19: Selénio (Selénio-zinco), magnésio, D3, B12 e C. Sono de 7-8 horas importante bem como os outros pilares de que falei para o envelhecimento saudável. 

Não falo de tratamento pois não trato ninguém. Nenhum dos meus doentes adoeceu de forma grave, e isto dá-me também mais segurança de que a medicina preventiva é o caminho a seguir, para que possamos viver os anos vindouros com mais energia e vitalidade, mais saúde e menos doença. 

Que o meu artigo possa promover a reflexão, que cada um tome as medidas de protecção adequadas protegendo-se a si e aos outros, para que possamos desfrutar de um Mundo melhor para todos.

 

Dra. Ivone Mirpuri, Médica Patologista Clínica especialista em Modulação Hormonal

quinta, 11 de fevereiro de 21